Blog “Testemunhas de Jeová”,
de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
Disponível em http://www.alazegabriel.blogspot.com.br
QUEM FUNDOU A RELIGIÃO ‘TESTEMUNHA DE JEOVÁ’?
A organização atual das Testemunhas de Jeová começou no
fim do século 19. Naquela época, um pequeno grupo de estudantes da Bíblia perto
de Pittsburgh, Pensilvânia, Estados Unidos, começou uma análise sistemática da
Bíblia. Eles comparavam as doutrinas ensinadas pelas igrejas com o que a Bíblia
realmente ensina. Eles começaram a publicar suas conclusões em livros, jornais
e na revista que hoje é chamada A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová.
Um dos membros desse grupo de estudantes sinceros da
Bíblia era um homem chamado Charles Taze Russell. Embora tenha tomado a
dianteira na obra educativa bíblica naquela época e tenha sido o primeiro
editor de A Sentinela, Russell não foi o fundador de uma nova
religião. O objetivo de Russell e dos outros Estudantes da Bíblia, como o grupo
era então conhecido, era divulgar os ensinamentos de Jesus Cristo e seguir o
modelo deixado pelos cristãos do primeiro século. Visto que Jesus é o Fundador
do cristianismo, nós o consideramos o fundador de nossa organização. — Colossenses 1:18-20.
“VAMOS COMPARAR TEXTO COM TEXTO”
CERTO homem encontrou um
panfleto no chão de um vagão de trem que ia para Nova York. ‘A alma humana
é mortal’, dizia o panfleto. Intrigado, o homem, que era pastor, começou a
lê-lo. Ficou surpreso, pois nunca duvidara do ensino da imortalidade da alma.
Na época, ele desconhecia o autor do panfleto. Mas achou que os argumentos eram
plausíveis e bíblicos e que o assunto merecia um estudo sério.
O pastor era George Storrs. O
incidente ocorreu em 1837, mesmo ano em que Charles Darwin começou a registrar
idéias que mais tarde resultaram na sua teoria da evolução. O mundo ainda era
religioso, e a maioria das pessoas cria em Deus. Muitas liam a Bíblia e a
encaravam como autoridade.
Mais tarde, Storrs descobriu
que o panfleto foi escrito por Henry Grew, da Filadélfia, Pensilvânia, EUA.
Grew seguia o princípio de que ‘a melhor intérprete das Escrituras é ela
mesma’. Ele e seus associados vinham estudando a Bíblia visando harmonizar suas
vidas e atividades com os conselhos dela. Seus estudos revelaram algumas belas
verdades bíblicas.
Estimulado pelo escrito de
Grew, Storrs examinou meticulosamente o que as Escrituras tinham a dizer sobre
a alma e discutiu o assunto com alguns colegas pastores. Após cinco anos de
estudos profundos, Storrs decidiu divulgar sua recém-encontrada jóia de verdade
bíblica. De início, ele preparou um sermão para ser feito num domingo de 1842.
Mas, dada a importância do assunto, ele achou necessário proferir mais sermões
a respeito. Por fim, seus sermões sobre a mortalidade da alma humana
totalizaram seis, os quais ele publicou em Six Sermons (Seis Sermões).
Storrs comparou texto com texto a fim de trazer à tona a bela verdade
encoberta pelas doutrinas da cristandade, que difamavam a Deus.
A BÍBLIA ENSINA A IMORTALIDADE DA ALMA?
A Bíblia diz que os seguidores
ungidos de Jesus recebem a imortalidade como prêmio pela sua fidelidade. (1 Coríntios 15:50-56) Se a imortalidade é uma recompensa
para os fiéis, Storrs ponderava, a alma dos maus não pode ser imortal. Em vez
de especular, ele recorreu às Escrituras. Considerou Mateus
10:28 que, na King James Version (Versão Rei Jaime, KJ), diz:
“Temei aquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.”
Portanto, a alma pode ser destruída. Ele referiu-se também a Ezequiel
18:4, que diz: “A alma que pecar, essa morrerá.” (KJ) Quando se
considerou a Bíblia como um todo, a beleza da verdade se sobressaiu. “Se meu
conceito sobre esse assunto for correto”, escreveu Storrs, “os muitos
trechos das Escrituras que na teoria comum [da imortalidade da alma] são
obscuros, vão se tornar claros, agradáveis e cheios de significado e de força”.
Mas que dizer de textos como Judas 7?
Lemos ali: “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades em volta, tendo se
entregado à fornicação e ido atrás de carne estranha, são postas como exemplo,
por sofrerem a pena do fogo eterno.” (KJ) Lendo esse texto, alguns
talvez concluam que as almas das pessoas que foram mortas em Sodoma e Gomorra
estão sendo atormentadas eternamente por fogo. “Vamos comparar texto com
texto”, escreveu Storrs. Em seguida, citou 2 Pedro
2:5, 6, que diz: “Não poupou o mundo antigo, mas salvou Noé
. . . , trazendo o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; e
transformando as cidades de Sodoma e Gomorra em cinzas condenou-os com uma
ruína, fazendo com que sirvam de exemplo para quem depois viesse a viver de
modo ímpio.” (KJ) De fato, Sodoma e Gomorra foram reduzidas a cinzas,
destruídas para sempre junto com seus habitantes.
“Pedro lança luz sobre [as
palavras de] Judas”, explicou Storrs. “Uma comparação entre [esses livros]
indica com muita clareza que tipo de desaprovação Deus expressou contra os
pecadores. . . . Aquelas condenações impostas ao mundo antigo, Sodoma
e Gomorra, constituem uma perene, perpétua ou ‘eterna’ advertência, alerta ou
‘exemplo’ para todos os homens até o fim do mundo.” Portanto, Judas referiu-se
ao efeito do fogo que destruiu Sodoma e Gomorra como sendo eterno. Isso de modo
algum muda o fato de que a alma humana é mortal.
Storrs não usava textos que
apoiavam seu conceito em detrimento de outros. Ele levava em conta o contexto
de cada versículo, bem como o teor geral da Bíblia. Se um versículo parecesse
contradizer outros, Storrs buscava no restante da Bíblia uma explicação lógica.
ESTUDOS DAS ESCRITURAS REALIZADOS POR RUSSELL
Entre os que passaram a
associar-se com George Storrs havia um rapaz que estava organizando um grupo de
estudos bíblicos em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA. Seu nome era Charles Taze
Russell. Um de seus primeiros artigos sobre temas bíblicos foi publicado em
1876 na revista Bible Examiner, editada por Storrs. Russell reconheceu
que anteriores estudantes da Bíblia haviam exercido influência sobre ele. Mais
tarde, como editor de Zion’s Watch Tower (A Torre de Vigia de
Sião), ele sentia-se grato pela grande ajuda recebida de Storrs, tanto de forma
oral como escrita.
Aos 18 anos,
C. T. Russell organizou um grupo de estudos bíblicos e criou um
método para o estudo da Bíblia. A. H. Macmillan, estudante da Bíblia
associado de Russell, explicou esse método: “Alguém fazia uma pergunta. Os
membros do grupo a consideravam. Examinavam todos os textos ligados ao assunto
e, daí, depois de convencidos da harmonia desses textos, declaravam suas
conclusões e as registravam.”
Russell estava convencido de
que a Bíblia, quando considerada como um todo, tinha de revelar uma mensagem
harmoniosa e coerente com ela mesma e com a personalidade de seu Autor Divino.
Para Russell, qualquer parte da Bíblia que parecesse difícil de entender devia
ser esclarecida e interpretada por outras partes da Bíblia.
Estudantes da Bíblia do
século 19 que seguiram o princípio de deixar que um texto bíblico explique
outro: George Storrs, Henry Grew, Charles Taze Russell,
A. H. Macmillan
TRADIÇÃO BÍBLICA
No entanto, nem Russell nem
Storrs ou Grew foram os primeiros a permitir que a Bíblia interpretasse a si
mesma. Essa tradição remonta ao Fundador do cristianismo, Jesus Cristo. Ele
usava vários textos para esclarecer o verdadeiro significado de um texto. Por
exemplo, quando os fariseus criticaram seus discípulos por arrancarem espigas
num sábado, Jesus mostrou, à base do relato em 1 Samuel
21:6, como a lei do sábado devia ser aplicada. Os líderes religiosos
conheciam esse relato em que Davi e seus homens comeram os pães da
apresentação. Daí, Jesus indicou a parte da Lei onde dizia que apenas os
sacerdotes arônicos deviam comer o pão da apresentação. (Êxodo 29:32, 33; Levítico 24:9) Mesmo assim, foi dito a Davi que ele
poderia comer os pães. Jesus concluiu seu argumento convincente citando do
livro de Oséias: “Se tivésseis entendido o que significa: ‘Misericórdia quero,
e não sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes.” (Mateus
12:1-8) Que belo exemplo de comparar um texto com outros para chegar a um
entendimento correto!
O apóstolo Paulo provava seus
argumentos fazendo referências a textos bíblicos
Os discípulos de Jesus
seguiram o método de usar referências da própria Bíblia para lançar luz sobre
determinado texto. Quando ensinava as pessoas em Tessalônica, o apóstolo Paulo
‘raciocinava com elas à base das Escrituras, explicando e provando com
referências que era necessário que o Cristo sofresse e fosse levantado
dentre os mortos’. (Atos
17:2, 3) Também nas suas cartas escritas sob inspiração divina, Paulo
permitiu que a Bíblia interpretasse a si mesma. Escrevendo aos hebreus, por
exemplo, ele citou uma série de textos para provar que a Lei era uma sombra de
boas coisas futuras. — Hebreus
10:1-18.
Na verdade, os sinceros
estudantes da Bíblia no século 19, e começo do século 20, estavam
simplesmente restaurando esse modelo cristão. A tradição de comparar os textos
uns com os outros continua na revista A Sentinela. (2 Tessalonicenses 2:15) As Testemunhas de Jeová usam
esse princípio ao analisar determinado texto.
LEVE EM CONTA O CONTEXTO
Ao lermos a Bíblia, como
podemos imitar os bons exemplos de Jesus e de seus seguidores fiéis? Primeiro,
podemos considerar o contexto imediato do texto em questão. Como o contexto
pode ajudar-nos a entender o significado? Para ilustrar, tomemos as palavras de
Jesus em Mateus 16:28: “Deveras, eu vos digo que há alguns dos
parados aqui que não provarão absolutamente a morte, até que primeiro vejam o
Filho do homem vir no seu reino.” Alguns talvez achem que essas palavras não se
cumpriram porque todos os discípulos de Jesus que estavam presentes quando ele
disse isso faleceram antes do estabelecimento do Reino de Deus no céu. A obra The
Interpreter’s Bible (A Bíblia do Intérprete) chega a dizer sobre esse
versículo: “Essa predição não se cumpriu, e mais tarde os cristãos acharam
necessário explicar que se tratava de uma metáfora.”
No entanto, o contexto desse
versículo, bem como o dos relatos paralelos de Marcos e de Lucas, ajudam-nos a
entender o verdadeiro significado desse texto. O que Mateus relatou logo depois
das palavras citadas anteriormente? Ele escreveu: “Seis dias depois, Jesus
tomou a Pedro, e a Tiago, e a João, irmão deste, e levou-os à parte, a um alto
monte. E ele foi transfigurado diante deles.” (Mateus
17:1, 2) Marcos e Lucas também relacionaram o comentário de Jesus a
respeito do Reino com o relato da transfiguração. (Marcos
9:1-8; Lucas 9:27-36) A transfiguração de Jesus, isto é, sua
aparição em glória na presença dos três apóstolos, representou a então futura
vinda de Jesus com o poder de Rei do Reino. Pedro confirma esse entendimento
por falar do “poder e [da] presença de nosso Senhor Jesus Cristo”, relacionando
isso com o fato de ele ter testemunhado a transfiguração de Jesus. — 2 Pedro
1:16-18.
VOCÊ PERMITE QUE A BÍBLIA INTERPRETE A SI MESMA?
Que dizer se você não entender
certo texto, mesmo depois de considerar o contexto? Talvez ajude compará-lo com
outros textos, tendo em mente o teor geral da Bíblia. Um excelente instrumento
para isso encontra-se na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas,
hoje disponível completa ou em parte em 57 idiomas. Trata-se de uma lista de
referências marginais, ou referências cruzadas, que aparece na coluna central
de cada página em muitas edições dessa Bíblia. Poderá encontrar mais de 125 mil
dessas referências na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com
Referências. A “Introdução” nessa Bíblia explica: “A comparação cuidadosa
das referências marginais e o exame das notas acompanhantes revelarão a
harmonia entrosada dos 66 livros da Bíblia, provando que eles constituem um só
livro, inspirado por Deus.”
Vejamos como o uso de
referências cruzadas pode ajudar-nos a entender um texto. Tome o exemplo da
história de Abrão, ou Abraão. Note esta pergunta: Quem tomou a dianteira quando
Abrão e sua família saíram de Ur? Gênesis 11:31 diz: “Tera tomou . . . Abrão, seu
filho, e Ló, . . . e Sarai, sua nora, . . . e estes saíram
com ele de Ur dos Caldeus, a fim de irem para a terra de Canaã. Com o tempo
chegaram a Harã e passaram a morar ali.” Lendo isso, a pessoa pode concluir que
foi Tera, pai de Abrão, quem tomou a dianteira. No entanto, na Tradução do
Novo Mundo encontramos 11 referências cruzadas relacionadas com esse
versículo. A última nos leva a Atos
7:2, onde lemos a admoestação de Estêvão aos judeus do primeiro século: “O
Deus da glória apareceu a nosso antepassado Abraão enquanto ele estava na
Mesopotâmia, antes de fixar residência em Harã, e disse-lhe: ‘Sai da tua
terra e de teus parentes e vai para uma terra que eu te hei de mostrar.’” (Atos
7:2, 3) Será que Estêvão estava confundindo isso com a saída de
Abrão de Harã? Obviamente não, pois esses versículos fazem parte da inspirada
Palavra de Deus. — Gênesis 12:1-3.
Por que, então, Gênesis 11:31 diz que “Tera tomou . . . Abrão,
seu filho”, e outros de sua família e saiu de Ur? Tera ainda era o cabeça
patriarcal. Ele concordou em ir com Abrão e, assim, atribuiu-se a ele o fato de
mudar sua família para Harã. Por comparar e harmonizar esses dois textos,
podemos imaginar bem o que aconteceu: Abrão respeitosamente convenceu seu pai a
sair de Ur, de acordo com a ordem de Deus.
Ao ler as Escrituras, é
preciso levar em conta o contexto e o teor geral da Bíblia. Exorta-se aos
cristãos: “Não recebemos o espírito do mundo, mas o espírito que é de Deus,
para que soubéssemos as coisas que nos foram dadas bondosamente por Deus. Destas
coisas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas
com as ensinadas pelo espírito, ao combinarmos assuntos espirituais com
palavras espirituais.” (1 Coríntios 2:11-13) Realmente, devemos rogar a Jeová
que nos ajude a entender a sua Palavra e tentar ‘combinar assuntos espirituais
com palavras espirituais’, examinando o contexto do versículo em questão e
procurando versículos relacionados. Continuemos a procurar brilhantes jóias da
verdade por meio do estudo da Palavra de Deus.
FONTES:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sintam-se à vontade para enriquecer a participação nesse blog com seus comentários. Após análise dos mesmos, fornecer-lhe-ei um feedback simples.